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O CURRÍCULO E AS PRÁTICAS

RACISTAS E PRECONCEITUOSAS

EDUCAÇÃO & LITERATURA

JOSUÉ GERALDO BOTURA DO CARMO

 

 

 

Josué Geraldo Botura do Carmo[1]

Agosto/2006

Ana Lúcia Lopes vai dizer que o currículo não é construído de forma neutra e desinteressada, ele é um instrumento político de poder e controle social sobre a produção do conhecimento. Ao transmitir visões de mundo vai reproduzir valores que serão responsáveis pela formação de identidades individuais e sociais. A escolha dos conteúdos curriculares seja conceituais, temáticos ou de valores morais passam por essas relações.

A autora pergunta: por que os currículos escolares omitem informações sobre a presença e participação dos negros na história do Brasil? A quem essa omissão interessa? E ainda qual será a relação entre essa omissão consentida pelo currículo e pela escola, e os resultados sobre a vida escolar dos alunos de ascendência africana? Como é construída a identidade dessas crianças e jovens na experiência escolar? Como o negro e o mestiço se sentem em um ambiente em que sua imagem é omitida, e só é mostrado a falta de prestígio social e histórico da população negra e mestiça. E há ainda além do currículo explícito o currículo oculto que acontece pelas páginas dos livros escolares, pelos cartazes em sala de aula, pelo preconceito racial entre colegas e entre professores e alunos. E temos os conteúdos não ditos: valores morais explicitados nos olhares e gestos, nas apreciações e repreensões de condutas, aproximações e repulsas de afetos, legitimações e indiferenças em relação a atitudes, escolhas e preferências. Estes alunos negros e mestiços são submetidos dessa forma a uma violência simbólica em suas experiências escolares.

Para a autora os educadores precisam promover discussões acerca das relações “raciais”, do preconceito racial e suas manifestações na sociedade e em especial na escola para que possamos ampliar a compreensão do problema para que tenhamos condições de refletir como poderemos construir um currículo escolar que privilegie um deslocamento do olhar sobre os negros e mestiços na nossa história e cultura.

Ela afirma que o preconceito racial se manifesta na escola pelas expressões racistas entre alunos ou entre professores e alunos e pela omissão e pelo silêncio quando essas situações ocorrem e ainda pelo mesmo silêncio e ocultamento da imagem do negro como imagem positiva, e mesmo pela super-representação da imagem do branco. Precisamos portanto reescrever a nossa história sob a ótica da presença e participação da população negra para recuperar nossa história e participarmos da construção de identidades positivas das crianças e jovens de ascendência africana. Assim temos que trabalhar com o conceito de igualdade que pressupõe semelhanças e diferenças e não superioridade e inferioridade. Não somos nem mais e nem menos que ninguém, somos diferentes. As diferenças encontradas nos indicadores socioeconômicos, em relação à população não branca evidenciam apenas falta de oportunidades e de acesso, e não a falta de capacidades e competências.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

LOPES, Ana Lúcia. Currículo, escola e relações étinico-raciais. In: Educação Africanidades Brasil. MEC – SECAD – UnB – CEAD – Faculdade de Educação. 2006.

 

 


 

[1] Pedagogo com habilitação em Administração Escolar de 1º e 2º grau e Magistério das Matérias Pedagógicas de 2º grau. Professor Facilitador em Informática Aplicada à Educação pelo PROINFO - MEC - NTE - MG2.