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EDUCAÇÃO & LITERATURA

JOSUÉ GERALDO BOTURA DO CARMO

 

 

PEDAGOGIA DOS MULTIMEIOS

Josué Geraldo Botura do Carmo[1]

Novembro/2001

 

Para MAGNONI & VALENTE (1999), a defasagem de conhecimentos fragiliza o nosso sistema de ensino público e enfraquece o Brasil diante da modernização que tange a cadeia produtiva internacional. O uso em sala de aula dos meios informacionais demandará um volume crescente e cada vez mais diversificado de materiais educativos audiovisuais, que não são produzidos pelo mercado comercial. E o domínio operacional da tecnologia disponível é a primeira etapa em que os educadores terão que ser iniciados, para poderem assimilar a Pedagogia dos Multimeios. Para os autores é preciso que os profissionais da educação dominem os meios digitais, antes que eles tornem nosso conhecimento educacional e nossa prática profissional totalmente obsoleta.

Os autores investigaram caminhos adequados para se articular as tecnologias e o conhecimento informacional com o propósito de fortalecer e modernizar a educação, na era global da informação e da comunicação na sociedade informática pós-industrial. Uma vez que a informática com suas “ferramentas intelectuais” tem auxiliado  o fazer humano nos ambientes de produção e educação. O debate sobre o universo digital e suas conseqüências sociais está apenas no início.

Em plena era da telemática a maioria dos professores têm nos livros-textos, nas apostilas e na exposição oral os principais instrumentos pedagógicos e didáticos em sala de aula. Há ainda muita relutância em se utilizar recursos que não derivem da cultura escrita. É comum o despreparo e o desconhecimento dos docentes em relação às novas possibilidades de ensino tecnológico.

O desafio para a realização dessa tarefa mais que as limitações materiais e políticas são as dificuldades de articulação teórica e metodológica da comunicação com a educação e a escassez de educadores e comunicadores com vivência e formação interdisciplinar nestas duas áreas que para os autores são tão próximas socialmente, mas distantes historicamente, tanto no ambiente escolar, quanto no cotidiano dos sistemas de informação. A chave de acesso para o ensino telemático passa necessariamente pelo domínio do processo de conversão dos conteúdos escritos da cultura clássica e contemporânea, em mensagens e programas audiovisuais.

A inserção dos meios eletrônicos de comunicação de massa na sociedade é avassaladora e irreversível. Não há como contestar o poder de difusão do rádio, da televisão e das redes de tecnologia digital que atingem instantaneamente e simultaneamente milhões de pessoas em diferentes pontos do planeta: uma programação audiovisual diversa na quantidade se restringe a conteúdos voltados para o entretenimento, estímulos ao consumo material e simbólico, veicular informações comprometidas com a classe dominante, predominam as mensagens fragmentadas que não colaboram com a formação de uma opinião pública voltada para a construção da cidadania e pouco contribuem para o fortalecimento dos direitos e para a superação das desigualdades sociais.

Para os autores “O ensino audiovisual a distância, que é apontado desde os anos 60, pelos especialistas internacionais em educação e desenvolvimento como um fator de incremento ao ensino público em todos os níveis, ganha alento ao ser regulamentado pela nova LDB. Diante da necessidade imediata de se melhorar, com investimentos modestos, os sistemas escolares nacionais, será possível viabilizar o ensino audiovisual presencial, e a distância, se além das descontínuas políticas oficiais, houver disposição dos professores e dos dirigentes do ensino, em implementá-la no sistema educacional público.”

VALE[2], segundo os autores vai dizer que o avanço dos meios de comunicação e informação não tem encontrado eco na escola. Os instrumentos de ensino continuam sendo fundamentalmente a lousa, o giz e a linguagem oral e escrita. A atividade educativa pode ser encarada como uma atividade comunicativa e isto vai exigir que as escolas integrem os meios de comunicação em seu dia-a-dia. A articulação entre comunicação e Educação vai exigir por parte dos docentes conhecimento e familiaridade com a linguagem dos meios, sem se desviar do caráter pedagógico da prática docente. Na Internet trafegam ao mesmo tempo áudio, texto, vídeo, fotos, ícones, animações, etc. As mensagens da rede englobam funções, programas e linguagens de microcomputador, rádio, disco, Cd-rom, jornal e revista, televisão e videogames, etc., o que exige um conhecimento interdisciplinar consistente dos profissionais que desejam utiliza-la como veículo de acesso ao público desejado. A Internet tornou-se ao mesmo tempo transmissor e receptor audiovisual planetário de todas as mídias verbais-sonoras, não verbais e imagéticas, disponíveis no século XX e possibilitou a comunicação audiovisual interativa para todas as pessoas com acesso aos computadores “plugados” na Rede, dando a cada navegante um “controle remoto virtual” com um número infinito de canais a serem navegados sem endereço certo, cheios de novidades, com contatos virtuais e entretenimento. Para os autores “mesmo que haja uma fragmentação maior que a da televisão e do rádio, a comunicação na Internet é compensada pela mensagem interativa que pode ser acessada em tempo real ou não”. E ainda a evolução das tecnologias conspira contra os monopólios mediáticos e possibilita o surgimento de múltiplos canais de comunicação genuinamente populares e de baixo custo em relação aos tradicionais. Na web não há hierarquia e nem a rigidez funcional presente nos meios tradicionais de veiculação de informação. Você escolhe em ser autor, espectador, editor, assinante, etc.

O vasto potencial de aplicação das tecnologias telemáticas no ensino ainda está subestimado por falta de articulação interdisciplinar entre as diversas áreas de conhecimento que deverão compor a Pedagogia Multimediática. A Internet pode integrar com sua rede de computadores estudantes, professores e pesquisadores geograficamente distantes e possibilitar a troca de informações locais e universais, a convivência direta de culturas e línguas. Qualquer projeto de educação audiovisual deve considerar o repertório cultural do público ao qual pretende atingir, para poder elaborar linguagens com códigos de comunicação adequados para o universo escolhido.

Essas tecnologias digitais rompem com o paradigma da comunicação unidirecional da televisão e dos meios impressos. A teleaula é substituída pela vídeo conferência. A videoconferência síncrona é um recurso de educação a distância bastante próximo da aula presencial, pois permite a visualização, que se faça perguntas e resolva dúvidas de imediato.

Os avanços dos suportes telemáticos vão viabilizar um sistema de ensino de massa sem a necessidade da extensão de um sistema físico de escolas. Os sistemas tradicionais de ensino já não conseguem dissimular a exaustão de seus paradigmas diante de um mercado que exige atualização permanente dos trabalhadores empregados e uma qualificação sempre maior para os que procuram o primeiro emprego. A adequação da educação para esta sociedade da informação é, na visão dos autores, o único caminho possível por enquanto, para que todos consigam trabalho num mundo em que os empregos regulares estão em declínio. É necessário garantir conhecimentos especializados aos trabalhadores, para que eles possam desenvolver de forma autônoma, atividades produtivas estáveis (individuais ou familiares) auto-sustentáveis de geração de renda. E cabe aos educadores e aos especialistas em comunicação informacional conceberem em conjunto diferentes modelos de aulas virtuais para os diferentes meios disponíveis. A web permite que o aluno seja abordado individualmente e se torne o principal objetivo do processo educativo. O acesso à aulas via Internet pode acontecer em casa, no trabalho e na própria escola. É uma forma de aprendizado cognitiva, construtivista, que exige do aluno um esforço maior que nas aulas presenciais. O professor se torna um comunicador, um facilitador do acesso às informações que estarão em disponibilidade permanente na web.

  

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


Prof. Antônio Francisco Magnoni do Núcleo de Pesquisa e Produção em Multimeios para a Educação - UNESP/BAURU - Departamento de Comunicação Social – FAAC - UNESP/BAURU; Doutorando em Ensino na Educação Brasileira – FFC – UNESP/MARÍLIA.

Ms. Vânia Cristina Pires Nogueira Valente do Núcleo de Pesquisa e Produção em Multimeios para a Educação - UNESP/BAURU - Pólo Computacional - UNESP/BAURU; Doutoranda em Engenharia – Escola Politécnica – USP/SÃO PAULO  ( vania@bauru.unesp.br)

 

(artigo apresentado no III Simpósio Internacional de Biblioteconomia UNESP– Marília -1999)


 

[1] Pedagogo com habilitação em Administração Escolar de 1º e 2º graus e Magistério das Matérias Pedagógicas do 2º grau. Professor facilitador em Informática Aplicada à Educação pelo PROINFO – MEC.

 

[2] VALE, J. M. F. do. Educação e Comunicação: os recursos tecnológicos e as possibilidades didático-pedagógicas. Bauru: (mimio)1996.